Aos artistas censurados

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Ontem,  dia 24/10,  houve uma reunião no Teatro Net Rio chamado Liberdade de Expressão. Essas reuniões estão acontecendo em um momento em que a arte,  de uma forma geral,  está sendo atacada...  Fiz um texto afim de levantar questionamentos meus enquanto mulher,  negra e candomblecista...  porém,  devido ao tempo,  não tive a oportunidade de lê-lo.
Colo então esse texto aqui,  afim de não deixá-lo perdido em uma gaveta qualquer.
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Quando, nas redes sociais, eu vi a confusão formada por conta da menina e o nu, eu lembrei automaticamente da minha avó: uma cabocla, do ceará , que aos 70 e lá vai fumaça, lavava roupa nua no rio... Eu, garotinha zona sul e super colonizada, ao ver a cena gritei: "Vó!!!! vc tá pelada!!! não tem vergonha? 
Minha avó, sábia e não tão colonizada respondeu calmamente: "Minha filha, quem não viu vai ver um dia, e que já viu, não vê novidade" e pronto!!!! acabou o assunto.
Porque lembrei da minha avó e o que eu quero dizer com isso? Quando o escândalo do homem nu estava bombando na internet, a única coisa que eu conseguia pensar foi: Essa discussão não me pertence.
Não me pertence pq sou bisneta de negros - os que hoje chamamos de índio, mas que eram chamados de negros da terra, e dos africanos, que foram escravizados. Os índios e africanos não tem problemas com o nu, quem instituiu isso como ruim e pecado foram os colonizadores... mas apesar de não me sentir dentro dessa discussão eu estou dentro dela pois faço parte dessa sociedade.
Eu estava aqui na primeira reunião, vi a fala de todos e percebi que mesmo estando no mesmo barco, nós negros, candomblecistas, umbandistas somos vistos ainda como algo exótico... o Baba Ivanir falou das questões que no nosso povo está sofrendo (e não é de hoje) e mesmo assim, nas falas seguintes, não houve uma fala que convergisse ou apoiasse ou trouxesse alguma solução para as mazelas do povo negro. A propósito, foi muito interessante ver a disposição dos lugares, Baba Ivanir ao centro, único negro e um dos 5 negros que estavam na reunião... Se estamos falando de liberdade de expressão da arte nacional, ver 5 negros é, no mínimo, desestimulante.
Talvez nos falte o olhar de pertencimento, então vou tentar numerar algumas coisas aqui:
- o samba está sendo perseguido, mais uma vez (afinal desde o tempo de Tia Ciata isso acontece) essa semana dois eventos foram cancelados na base da autoridade policial. O samba é o que há de mais brasileiro e carioca. É a nossa arte. Escolas de samba sem fazer ensaios tecnicos, barracões fechados, falta de dinheiro... e cadê os senhores? 
- Casas de santo sendo quebradas, pessoas sendo perseguidas... são nessas casas que muito do que hoje é considerado arte, moda e cultura nasceu... nossa lingua sofreu e sofre influência até hoje do nosso vocabulário candomblecista... e cadê os senhores?
- A capoeira de Jesus - uma tentativa rasgada de apagar a origem africana nessa arte e roubar a sua identidade. Uma das formas de resistência do negro que até os dias de hoje, se manteve pura e fiel às raizes e justamente por isso, querem exterminar.

- onde estavam os senhores quando uma parcela da sociedade taxava o funk de imoral? 
- O IPN (alguém aqui conhece? ) é um museu,  um Memorial que fica fazendo pequenos eventos para poder comprar produtos de limpeza...  um lugar que fala diretamente com a história do nosso país....  e cadê os senhores? 

Os senhores só conseguiram se mover e montar essa reunião a partir do momento em que o abuso chegou aos senhores... mas ainda não conseguiram perceber que antes de chegar aos senhores, ela já tá instalada na força motriz, na materia prima desse país, que somos nós, os negros, candomblecistas, umbandistas....

Então, para que possamos realmente mudar o status quo da coisa , é necessário esse "enxergamento" de coisa una que somos. Nós estamos aqui, prontos para lutar, afinal de Censura nós entedemos ... mas precisamos ver os passos de vcs em direção a nós também.

Bom dia,

Caminhada Histórica Cultural

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A SAGA DOS ESCRAVOS NO RIO DE JANEIRO HISTÓRIA PASSO À PASSO: Caminhada A Saga dos Escravos no Rio de Janeiro Praça XV, Rua Primeiro de Março, Alfândega, Santa Casa, Largo e Igreja de Santa Rita, Cemitéio dos Pretos Novos no Valongo. Dia: 29 des setembro -Sábado. Local Encontro: Pça XV em frente ao Chafariz - às 09:00 horas da manhã. Preço : 20,00 reais Contatos: 7350 2885 - 82152134 - Professor Marcelo ou Professora Sonia

DURBAN 2001 Declaração e Programa de Ação adotado pela Terceira Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Conexas

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DURBAN 2001 Declaração e Programa de Ação adotado pela Terceira Conferência Mundial contra o Racismo_ Discriminação Racial_ Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância -

A construção da literatura e o processo de independência de Moçambique - Vilma Bruno Malveira

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A construção da literatura e o processo de independência de Moçambique - Vilma Bruno Malveira -

Homengem e lembranças de Adilson Ifaleke Martins, por Katia de Nkosi

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Homengem e lembranças de Adilson Ifaleke Martins, por Katia de Nkosi

É com pesar e muita saudade que compartilho a perda de ADILSON ANTONIO MARTINS, BABALAÔ IFALEKE OGBEBARA, venho expressar minha gratidão por ter convivido durante quatro anos com esta pessoa que me recebeu em sua casa (Egbe), com braços abertos e sempre com um sorriso espontâneo que lhe era peculiar. Um homem que deixa um legado enorme de obras escritas, que muito contribui para a divulgação na causa da religião.
Homem de respeito com objetivo de divulgar o culto de Ifá-Orumilá de forma correta, sempre combatendo aventureiros que vendem mentiras e falsas iniciações.
Crítico, guerreiro, amante da religião, que pregava seriedade, compromisso, devoção e outros atributos que ficaria aqui enumerando em várias linhas.
"Os corpos que revestem os espíritos são, por assimdizer exteriorizaçãodo pensamento".
E pensamentos não lhe faltavam em forma de poesias, de livros, de bons conselhos, em forma de arte.
Bom, o Orum deve estar iluminado com a presença deste baluarte do culto a Ifá.
Agradeço a Orumilá por ter desfrutado da compahia deste Babalaô.
Que Orumilá lhe receba de braços abertos.

Kátia de Nkosi.



Alguns livros dele:

Igbadu - A cabaça da existência
O autor revela os mitos da criação do universo religioso nagô que deram origem ao culto aos orixás. A cada capítulo, o leitor fica sabendo como surgiu o Ayé - o mundo material -, como apareceu a raça humana e o nascimento dos preceitos das religiões africanas.

Livro - Erinle, o Caçador
Neste livro os personagens têm nomes africanos; os animais e as plantas são nativos da África; os lugares ficam na África; mas seus temas são universais. Alguns contos procuram explicar a origem de certas coisas: esse é um tipo de conto presente em todas as culturas. Existem contos que falam de recompensas e castigos, ou do valor da esperteza para enfrentar dificuldades. Com eles, também aprendemos que pequenos favores a animais mágicos podem trazer grandes benefícios, e que o caçula enganado pelos irmãos pode "dar a volta por cima", entre muitas outras lições. Os contos se caracterizam por apresentar muitos elementos e detalhes que vamos descobrindo aos poucos, conforme vamos lendo (ou ouvindo) mais e mais vezes o mesmo texto.

O Papagaio Que Não Gostava de Mentira
Esta é mais uma obra de Adilson Martins que registra contos tradicionais africanos. Aqui o autor apresenta uma coleção de fábulas. Fábulas como as de Esopo e La Fontaine, os famosos autores da Grécia antiga e da França? Sim, exatamente como essas. Mas com uma pequena diferença - são fábulas que vêm dos povos a que pertenceram nossos tataravós africanos. As fábulas africanas servirão para nós, hoje, como serviram aos povos antigos - como forma de educar as crianças, de fazer com que os adultos reflitam mais sobre a sua conduta e até como meio de crítica social.

Lendas de Exu
(sobre o Lendas de Exu, há uma outra postagem recente, com repercussão, ainda que pouca, para a situação que a obra estava envolvida)